A Prefeitura de São Paulo, através das Secretarias Especial de Comunicação e de Cultura, respondeu aos questionamentos feitos pela Rádio Luzes e pelo Portal Luzes sobre a demolição do túmulo de Dona Margarida da Graça Martins, a fundadora da cidade de Santa Bárbara d`Oeste, que ficava no Cemitério da Consolação.
A Prefeitura de São Paulo afirma que o túmulo de Margarida da Graça Martins não era tombado e que o estado de abandono motivou a demolição para uma nova comercialização do espaço por parte da empresa concessionária (Consolare).
Eis aqui trechos da mensagem enviada para a nossa reportagem:
“A SP Regula informa que o jazigo foi declarado em estado de abandono pelo Serviço Funerário do município de São Paulo, extinto em 31/12/2023.
Conforme os termos do contrato de concessão, a Concessionária, ao assumir a gestão do cemitério da Consolação, adquiriu o direito de comercializar este jazigo, dado o estado de abandono e a falta de manutenção, conforme registros do antigo Serviço Funerário.
Os despojos oriundos deste jazigo foram devidamente transferidos para o Ossuário Geral, onde permanecem disponíveis para serem reclamados pela família interessada.
Caso a família deseje manter os despojos no mesmo cemitério, estamos à disposição para discutir o assunto com sensibilidade, buscando a melhor solução para todas as partes envolvidas, pois entendemos a importância histórica e emocional que este caso representa.”
Dona Margarida foi sepultada no Cemitério da Consolação em 1864. Autoridades barbarenses foram buscar seus restos mortais em 1967 e, ao contrário do que informamos na reportagem anterior, eles foram colocados numa caixa e depositados num monumento em sua homenagem na Praça Central.
Ela é reconhecida como fundadora de Santa Bárbara d’Oeste porque doou parte de suas terras para a Cúria Paulistana erguer a capela dedicada a Santa Bárbara, da qual era devota. O túmulo servia como símbolo de uma das poucas mulheres fundadoras de um município no país.
“No governo do prefeito Mário Heins, houve uma tentativa de restauração que só virou notícia e não saiu do papel”, disse o historiador barbarense Antonio Carlos Angolini que participou nessa semana do programa Dia a Dia da Rádio Luzes.
O vereador barbarense e candidato a prefeito Eliel Miranda (PSD) esteve no cemitério no começo deste mês e viu que o túmulo tinha sido demolido. Na última sessão da câmara, ele chegou a pedir a convocação do secretário de Cultura de Santa Bárbara para dar explicações sobre a falta de cuidados, mas o pedido foi rejeitado por 12 votos a quatro. Ele disse que tem acesso a documentos que comprovam que o túmulo é perpétuo e pretende levar o caso ao Ministério Público.
O famoso Cemitério da Consolação
Inaugurado em 1858, o Cemitério da Consolação é famoso em São Paulo por ser morada eterna de várias celebridades e pessoas famosas como Monteiro Lobato, Campos Salles, Washington Luiz, Marquesa de Santos e várias outras personalidades paulistas.
No século XX o cemitério passa a ser o predileto entre as celebridades e pessoas da alta burguesia paulistana. O fervor da classe mais favorecida era tão alto que acontecia uma competição velada entre as famílias mais abastadas para ver quem construía o jazigo mais sofisticado, e custoso da época. Sendo moda contratar artistas famosos para produzir esculturas em materiais nobres como mármore e bronze. (Fonte: Portal cemiteriodaconsolacao.net)
Por José Flávio Scavassa