Mais comuns, ondas de calor devem persistir até o primeiro semestre de 2024

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Foto: Marcelo Rocha/Liberal

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As ondas de calor, como as que ocorreram em setembro e neste mês de novembro, podem persistir até o primeiro semestre do ano que vem. Especialistas explicam que essa tendência persiste, independentemente de eventos climáticos específicos, como o El Niño, e que a principal medida para amenizar os impactos das altas temperaturas é investir na arborização.

Ana Ávila, meteorologista do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), destaca a urgência de aprender a lidar com as crescentes ondas de calor, uma preocupação agravada pelas mudanças climáticas em curso e o consequente aumento das temperaturas globais.

Com base em análises de dados históricos, pesquisadores do Cepagri realizaram um trabalho científico que evidencia não apenas o aumento das temperaturas, mas também a intensificação, prolongação e a frequência das ondas de calor a partir dos anos 2000.

O El Niño, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico, é apontado como um fator que favorece a ocorrência de ondas de calor. Durante esse fenômeno climático, as frentes frias ficam bloqueadas no sul do País, impedindo seu avanço, e o aquecimento das águas no Pacífico contribui para elevar as temperaturas atmosféricas globalmente.

Pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Maicon Veber explica que a ocorrência de ondas de calor no Brasil é mais frequente durante a Primavera. “Isto ocorre porque as características da circulação atmosférica sobre o Brasil ainda se mantêm muito semelhantes à circulação nos meses mais secos. Ao mesmo tempo, a mudança de inclinação do eixo da Terra propicia uma maior incidência de radiação solar sobre o Hemisfério Sul.”

O padrão geralmente se caracteriza por dias com pouca nebulosidade, o que, associado a maior incidência de radiação solar, propicia um maior aquecimento do solo. “Como geralmente esse padrão se mantém por alguns dias consecutivos, ocorre o aumento gradual da temperatura e o estabelecimento de uma onda de calor.”

De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), uma onda de calor ocorre quando as temperaturas se encontram pelo menos 5°C acima da média regional para o período, persistindo por no mínimo três dias consecutivos.

Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo, destaca que o mês de dezembro e o início do Verão serão quentes, com dias abafados e temperaturas acima da média normal.

“Os locais que têm poucas áreas verdes são mais quentes do que os locais arborizados. Uma casa que é mais arborizada tende a ser mais fresca do que aquela que só tem concreto em volta. Vários estudos científicos já comprovaram que a vegetação é um poderoso regulador da temperatura do ar e reduzem o calor.”

A concentração de construções de múltiplos andares contribui para o acúmulo de calor local, sendo um dos fatores responsáveis pela elevação da temperatura nas áreas centrais das cidades, conforme explica Felipe Gustavo Pilau, professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP (Universidade de São Paulo).

Diante do atual cenário, a recomendação é evitar a exposição ao sol entre as 10h e 15h, além de manter a hidratação adequada. No entanto, ações de médio e longo prazo podem ser implementadas pelos municípios para amenizar o impacto do calor. O professor destaca a importância do investimento em arborização como uma medida eficaz.

Em Americana, a Secretaria de Meio Ambiente informou ter intensificado o plantio de árvores e incentiva a participação da comunidade, doando mudas apropriadas para plantio nas calçadas. Além disso, fiscaliza áreas públicas e privadas para conter as queimadas, que agravam as ondas de calor.

Santa Bárbara d’Oeste, por sua vez, possui um plano municipal de arborização urbana com metas até 2030, visando combater as ilhas de calor identificadas na cidade.

Levantamento realizado por meio do SIG (Sistema de Informação Geográfica) aponta a existência de 86 mil árvores na área urbana. A densidade atual é de 1.051 árvores por quilômetro quadrado.

Já em Nova Odessa, a prefeitura comunicou que tem investido em programas que fomentam o plantio de árvores, como o cultivo de 600 mudas em escolas públicas e o replantio regular em locais onde árvores antigas são removidas preventivamente. Sumaré e Hortolândia não se manifestaram.

Fonte: O Liberal

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