Cemitério de clubes

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Foto: Reprodução

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Como a Segundona do Paulista matou times tradicionais

A ‘segunda’ que é quarta divisão

O nome é simpático e carinhoso, mas ela, a “Bezinha”, é falsa e traiçoeira. Falsa porque não é a Segunda Divisão do futebol paulista. É a Quarta. E é traiçoeira, já que em 2023 pode ser o campeonato mais difícil do Brasil, quiçá do planeta.

São 36 participantes. Dois vão subir para a A-3, Terceira Divisão, e 14 vão se manter. Os outros 20 – sim, 20 – conhecerão a triste verdade: há um alçapão no fundo do poço e, em 2024, cairão para a Quinta Divisão – ainda sem nome – criada pela Federação Paulista.

Ou seja, sobem dois e caem 20. Terrível.

Formato amargo

A primeira fase, que já está indo para sua terceira rodada, divide os 36 clubes em seis grupos de seis. Os enfrentamentos são dentro da chave, em turno e returno. Dez jogos para cada um. Os quatro primeiros vão para a segunda fase. Os dois últimos de cada grupo formam os 12 primeiros rebaixados.

Na segunda fase, são seis grupos de quatro. Novamente turno e returno e seis jogos para cada um. Os dois primeiros de cada grupo e mais os quatro melhores terceiros vão para a terceira fase e os outros que sobrarem completam o grupo de 20 rebaixados. Ufa!

Sobraram 16. O mata-mata está instalado. Ao final, dois subirão para a A-3. Seis jogos para subir e oito para ser campeão. Os outros 14 receberão Barretos e Audax, rebaixados da A-3, e formarão a “Bezinha” do ano que vem. Que continuará falsa pelo nome, mas um pouco menos traiçoeira, com dois caindo e dois subindo.

Tradicionais (e vivos)
E como equipes tradicionais, inclusive um campeão da Copa do Brasil, times que revelaram jogadores de Copa do Mundo, para Brasil ou Espanha, foram chegar a esse cemitério futebolístico, reservado a jogadores com menos de 23 anos e sem uma cota da Federação para iniciar os trabalhos?

Há uma premiação para quem passa de uma fase para outra. Os valores não foram definidos, mas no ano passado, o campeão ganhou R$ 350 mil. Um campeonato que praticamente ninguém vê, a não ser a mídia local.

O que Paulista de Jundiaí, Rio Branco de Americana, União São João de Araras, XV de Jaú e América de Rio Preto e Mogi Mirim (mostramos a situação dele nesta reportagem aqui) estão fazendo aí? Como decaíram tanto? As respostas variam, desde administrações desastrosas, culpa do azar, da presença da China debilitando a indústria têxtil brasileira até a Lei Pelé. É a história que vamos contar.

 

Paulista, de Jundiaí

Da emoção do título da Copa do Brasil de 2005 ao improviso com rifa de medalhas
É difícil um pai torcedor do Paulista fazer seu filho continuar a tradição da família. Difícil o garoto acreditar que em 22 de junho de 2005, o time de seu coração venceu a Copa do Brasil. Sim, a mesma Copa do Brasil que o Flamengo ganhou ano passado.

O título veio com um empate sem gols contra o Fluminense, em São Januário, depois de vitória por 2 x 0 em casa. O time jogou com Rafael; Lucas, Anderson Batatais, Dema e Fabio Gomes; Julinho, Juliano, Amaral e Cristian; Marcio Mossoró e André Leonel. O treinador era Vagner Mancini. Rever também fazia parte do elenco.

O trabalho de convencimento do pequeno torcedor fica mais difícil quando o pai diz que em 2004 o Paulista foi vice-campeão paulista e em 2006 venceu o River Plate, pela Libertadores, no Jayme Cintra. Sim. Venceu o River Plate. Pela Libertadores. Em Jundiaí.

Adilson Freddo acompanhou tudo como narrador da Rádio Difusora. “Acompanho esse clube há 40 anos e me dá uma tristeza muito grande ver o abandono atual. Jundiaí tem a oitava economia do estado e a 17ª do Brasil, e não é possível que ninguém se interesse pelo clube”.

O jornalista Thiago Batista de Olim é bem mais novo. Dono do site Esporte Paulista, ele lamenta a falta de cobertura da equipe. “Se eu desse apenas informação do clube, morreria de fome. Trago notícias também de Várzea Paulista, por exemplo, que tem um campeonato amador mais forte que o de Jundiaí. Antes, havia quatro tevês, três jornais e duas rádios cobrindo. Hoje, apenas eu, o Jornal de Jundiaí, a TV Tem e a Rádio Difusora”.

A decadência do Paulista começa em 2007, quando a Parmalat rompeu, após cinco anos, um contrato de 30 anos. O clube voltou a apostar em outras parcerias e não houve resultado.

Uma delas com o Campus Pelé, que traria um aporte financeiro do Banco Fator. O projeto era comandado pelo professor João Paulo Medina e não deu certo.

As dívidas foram aumentando e o clube caindo. Em 2020, fez a rifa de uma das medalhas ganhas em 2005. Cem números a R$ 10. Foram arrecadados R$ 1.000 e um pedaço da história no lixo.

Hoje, o presidente é Rodrigo Peterneli Alves, ex-comandante da torcida Raça Tricolor. Ele comemora a presença de 71 patrocinadores no clube. “É tudo permuta. A padaria que fornece pão para o café, o supermercado que oferece alimentação, plano de saúde e odontológico. Nós captamos R$ 140 mil mensais e temos uma folha salarial de R$ 60 mil.”

Ele comemora também um trabalho de mapeamento das dívidas, o que coloca o clube pronto para receber uma SAF. O estádio Jayme Cintra está liberado para 15 mil pagantes e o clube contratou Roberval Davino (apelidado de Roberval Divino), que levou o Comercial às quartas da Série A-2. “Estamos prontos para subir”, diz o presidente.

Subir pode ser uma conquista mais factível para aquele pai do início do texto, que deseja convencer seu filho das distantes glórias do Paulista.

Fonte: uol.com.br

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