Desigualdade Racial se Manifesta no Mercado de Trabalho, Indica Pesquisa do Dieese

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Foto: © Marcello Casal jr/Agência Brasil

PUBLICIDADE

As Disparidades Raciais Persistem no Mercado de Trabalho, Aponta Análise do Dieese

O mercado de trabalho continua a ser um cenário de reprodução das desigualdades raciais, não apenas no que diz respeito à inserção, mas também nas oportunidades de ascensão para a população negra. Essa conclusão é resultante de uma análise realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), uma entidade mantida pelo movimento sindical brasileiro.

Os dados compilados pela instituição revelam que a taxa de desocupação entre os negros é sistematicamente superior à dos demais trabalhadores. Apesar de representarem 56,1% da população em idade ativa, os negros correspondem a mais da metade dos desocupados, totalizando 65,1%.

A análise, fundamentada nos dados do 2º trimestre de 2023 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou uma taxa de desocupação de 9,5% entre os negros, um aumento de 3,2 pontos percentuais em relação aos não negros. No caso das mulheres negras, que enfrentam as desigualdades de raça e gênero, a taxa atingiu 11,7%. O Dieese destacou a dificuldade enfrentada pelas mulheres negras na inserção no mercado de trabalho, mesmo considerando a melhoria da atividade econômica.

Para uma comparação mais precisa, a entidade lembrou que, no segundo trimestre de 2021, durante a crise econômica da pandemia de covid-19, a taxa de desocupação entre os trabalhadores não negros atingiu o mesmo patamar de 11,7%.

O relatório do Dieese concluiu que, mesmo com o indicativo de crescimento da atividade econômica, o mercado de trabalho persiste na reprodução de desigualdades sociais. Os trabalhadores negros enfrentam maiores desafios para obter emprego, progredir na carreira e ingressar em postos de trabalho formais com salários mais elevados. Além disso, as mulheres negras enfrentam adversidades ainda mais acentuadas, devido à discriminação por raça e gênero.

Quando conseguem emprego, as condições impostas aos negros são desfavoráveis. Apenas 2,1% dos trabalhadores negros, tanto homens quanto mulheres, ocupavam cargos de direção ou gerência. Essa proporção é significativamente menor em comparação aos homens não negros, que representam 5,5%.

Isso significa que apenas um em cada 48 trabalhadores negros ocupa cargos de direção ou gerência, enquanto entre os homens não negros, a proporção é de um para cada 18 trabalhadores.

A proporção de negros empregadores também é inferior: 1,8% das mulheres negras eram proprietárias de negócios que empregavam funcionários, em comparação com as não negras, que alcançaram 4,3%. Entre os homens negros, o percentual era de 3,6%, enquanto entre os não negros, a proporção foi de 7%.

A informalidade é mais elevada entre os negros, com 46% ocupados em trabalhos desprotegidos, ou seja, empregados sem carteira, trabalho autônomo, empregadores que não contribuem para a Previdência ou trabalhadores familiares auxiliares. Entre os não negros, essa proporção foi de 34%.

Uma em cada seis mulheres negras ocupadas trabalha como empregada doméstica, uma das ocupações mais precárias em termos de direitos trabalhistas e reconhecimento. As trabalhadoras domésticas negras sem carteira recebiam, em média, R$ 904 por mês, um valor R$ 416 abaixo do salário mínimo em vigor.

O levantamento revelou que o fato de os negros estarem em maior proporção em postos de trabalho informais e com menor remuneração explica apenas parte da diferença salarial entre negros e não negros. No segundo trimestre de 2023, os negros recebiam, em média, 39,2% a menos que os não negros.

Mesmo quando comparados os rendimentos médios de negros e não negros na mesma posição ocupacional, os negros enfrentam desvantagens. Em todas as posições analisadas,

o rendimento dos negros é menor. O Dieese destaca que isso evidencia que, além das desigualdades de oportunidade, os negros enfrentam um tratamento diferenciado no mercado de trabalho.

De acordo com o Dieese, é necessário um amplo trabalho de sensibilização para que todas as políticas públicas sejam elaboradas e implementadas com o objetivo de combater o problema das desigualdades, especialmente no mercado de trabalho. O caminho a ser percorrido é longo, mas a trajetória precisa ser trilhada com determinação e agilidade.

Texto Por: Nicolas Cruz

Leia Também

Acesse Também

Moacyr Franco é um show!

Ele cantou, dançou, brincou e beijou… na boca! Moacyr Franco fez um show simples, mas com energia contagiante no último domingo (dia 30), no Complexo

É Tetra!

O Esmeralda conquistou o quarto título de Campeão Barbarense de Futebol 1ª Divisão num jogo inesquecível contra o já tetra e atual campeão São Fernando.

Vai dar tetra ou penta?

A final do Campeonato Barbarense de Futebol 1ª Divisão, o tradicional Varzeanão, acontece neste sábado, às 14h30, no Estádio Antônio Guimarães. O Esmeralda foi campeão