Gramados Sintéticos em Debate: Perspectivas no Brasil e no Mundo do Futebol
Nos últimos dias, três notícias relacionadas a gramados em campos de futebol atraíram a atenção. A primeira, vinda dos Países Baixos, revelou a decisão da Eridivisie CV de proibir gramados sintéticos no Campeonato Holandês a partir de 2025. A segunda, localizada em Belo Horizonte, abordou a possibilidade de o gramado da nova arena do Atlético-MG ser sintético. A terceira notícia, relacionada ao Flamengo, trouxe à tona a preocupação com a alta temperatura nos campos sintéticos do Ninho do Urubu, chegando a 70 graus Celsius.
A discussão sobre gramados sintéticos no futebol brasileiro começou em 2016, quando o Athletico Paranaense adotou essa tecnologia na Arena da Baixada, obtendo sucesso e gerando um movimento, liderado pelo então presidente do Vasco, Eurico Miranda, para banir gramados sintéticos da Série A. Contudo, o esforço não teve êxito, e hoje há mais dois estádios com gramados sintéticos no país: o Allianz Parque, do Palmeiras, e o Nílton Santos, do Botafogo.
Além da disparidade de desempenho nos campos sintéticos, surgem questões sobre a susceptibilidade do jogador a lesões. Robson de Bem, fisiatra especializado em Medicina do Exercício e do Esporte, destaca que, nos últimos dois anos, houve sete lesões graves nos três gramados sintéticos da Série A, comparadas a 16 em outros campos. Ele ressalta que o impacto nas articulações é maior e a recuperação pós-jogo demanda mais tempo em gramados sintéticos.
Antonio Ricardo, fisioterapeuta que trabalhou na Copa do Mundo de 2006 com a seleção do Japão, enfatiza a necessidade de os jogadores adaptarem seus treinamentos ao piso sintético para minimizar riscos de lesões. Enquanto isso, o jornalista Tim Vickey, da BBC de Londres, recorda que, na Inglaterra, a melhoria dos campos naturais foi preferida à adoção de gramados sintéticos.
A solução poderia residir nos gramados híbridos, como o adotado no Maracanã, composto por 90% de gramado natural e 10% de fibras sintéticas, proporcionando resistência adicional. José Luiz Runco, ortopedista campeão mundial, sugere que os gramados híbridos podem ser a resposta para um futebol de qualidade com menos exposição a lesões.
Por fim, a insatisfação com a situação atual é evidente em vozes como a do goleiro Romero, do Boca Juniors, que clama por uma solução definitiva da Conmebol e da Fifa, questionando a viabilidade dos gramados sintéticos no futebol.
Texto por: Nicolas Cruz